segunda-feira, 26 de março de 2012

Eike Batista







O que Eike não aprendeu com os bilionários
Se ele ouvisse os conselhos de Warren Buffett e Bill Gates aprenderia que herança é veneno. E, quem sabe, teria um pouco mais de prudência23 de Março de 2012 às 09:32

Leonardo Attuch

Desde que o mundo é mundo, atributos como sucesso, dinheiro e poder despertam inveja e ressentimento. Uma reação humana, natural e compreensível. É por isso mesmo que a sabedoria recomenda certo comedimento àqueles que desfrutam de uma glória que pode ser sempre passageira. Eike Batista, sétimo homem mais rico do mundo, com uma fortuna de US$ 30 bilhões, despreza qualquer tipo de cautela. E é o principal responsável pelo drama vivido pelo filho Thor, que, além de carregar para sempre o peso de uma morte, corre o risco de ser carbonizado em praça pública – ou nas redes sociais – sem que se saiba efetivamente se ele foi culpado ou não pelo acidente que matou Wanderson dos Santos.

O encontro fatal entre a Mercedes Mclaren de Thor e a bicicleta de Wanderson tem todos os ingredientes de uma tragédia brasileira: a elite inimputável, que se julga no direito de dirigir com 51 pontos na carteira, a desigualdade flagrante, até mesmo na cor de quem atropela e de quem morre atropelado, e a suspeita de impunidade. Tudo isso potencializado pela estética kitsch e arrivista de Eike Batista, que declara o desejo de ser o homem mais rico do mundo, mas não se mira nos exemplos de quem já chegou lá.

Se Eike se aconselhasse com Bill Gates e Warren Buffett sobre como educar filhos, ouviria que herança é veneno. Buffett cultiva a simplicidade; Gates tem a maior fundação filantrópica do mundo. Eike, além de ceder a Mclaren ao rebento Thor, também o presenteou com um Lamborghini Aventador – somados, os dois carros custam mais de R$ 5 milhões. No caso do brasileiro, cuja riqueza guarda relação com o nosso capitalismo de Estado, a prudência deveria ser ainda mais necessária. O primeiro na lista da Forbes, Carlos Slim, é motivo de vergonha e não de orgulho para o México. Afinal, os seus US$ 69 bilhões são fruto de um monopólio nas telecomunicações. E como Slim sabe que é vulnerável, condena a ostentação e se dedica à filantropia.

Eike é o oposto de tudo isso. Ele expunha a Mclaren na sala de jantar e a sua perversão vai além do desejo de ser o mais rico. Ele também quer ser o mais belo, mais admirado e mais cultuado, como se competisse com a ex-mulher Luma de Oliveira por um brilho eterno, que é sempre fugaz. Escreve livros de auto-ajuda e passa o dia no Twitter lutando por aprovação. Talvez porque também saiba que é frágil. Na semana em que Wanderson foi morto, ele tentava receber R$ 1 bilhão do FGTS, um fundo com recursos dos trabalhadores, para socorrer uma de suas empresas. A decisão foi adiada porque o espectro de um certo Wanderson surgiu diante dos conselheiros do FGTS.

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A lua cheia de beleza e luz É fase bela e misteriosa Por que será que a tantos seduz ? Talvez porque tão decantada em prosa. Lua minguante, fase tão modesta Que míngua a dor do que acredita nela. É lua boa e não se manifesta Como uma fase que aparece bela. A lua nova, clara e brilhante, Sempre renova a fé de algum mortal; É lua limpa, não tem semelhante Visível em todo plano sideral. Lua crescente, cresce a esperança, De vida boa, com fartura e paz. Com fé na lua, toda graça alcança, Quem, com trabalho, seu destino faz. Dizem que a lua influencia a vida, Sendo a raiz dessa crença remota. Há quem afirme ser crença vencida, Mas contestá-la se torna idiota...

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