segunda-feira, 14 de novembro de 2011

‘Casa do Caminho’





Uma história real

Passava do meio dia, o cheiro de pão quente invadia aquela rua, um sol
escaldante convidava a todos para um refresco…
Ricardinho não agüentou o cheiro bom do pão e falou:
- Pai, tô com fome!!!
O pai , Agenor , sem ter um tostão no bolso,
caminhando desde muito cedo em busca de um
trabalho, olha com os olhos marejados para o filho e
pede mais um pouco de paciência…
- Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu tô com muita fome, pai!!!
Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai, Agenor pede para
o filho aguardar na calçada enquanto entra na padaria a sua frente…
Ao entrar dirige-se a um homem no balcão:
- Meu senhor, estou com meu filho de apenas 6 anos na porta, com muita
fome,
não tenho nenhum tostão, pois sai cedo para buscar um emprego e nada
encontrei, eu lhe peço que em nome de Jesus me forneça um pão para que
eu
possa matar a fome desse menino, em troca posso varrer o chão de seu
estabelecimento, lavar os pratos e copos, ou outro serviço que o senhor
precisar!!!
Amaro, o dono da padaria estranha aquele homem de semblante calmo e
sofrido,
pedir comida em troca de trabalho e pede para que ele chame o filho .
Agenor pega o filho pela mão e apresenta-o a Amaro ,
que imediatamente pede que os dois sentem-se junto
ao balcão, onde manda servir dois pratos de comida
do famoso PF (Prato Feito) – arroz, feijão, bife e ovo…
Para Ricardinho era um sonho,
comer após tantas horas na rua…
Para Agenor, uma dor a mais, já que comer aquela comida maravilhosa
fazia-o
lembrar-se da esposa e mais dois filhos que ficaram em casa apenas com
um
punhado de fubá…
Grossas lágrimas desciam dos
seus olhos já na primeira garfada…
A satisfação de ver seu filho devorando aquele prato
Simples como se fosse um manjar dos deuses, e a
lembrança de sua pequena família em casa, foi demais
para seu coração tão cansado de mais de 2 anos
de desemprego, humilhações e necessidades….
Amaro se aproxima de Agenor e percebendo
a sua emoção, brinca para relaxar:
- Ô Maria!!! Sua comida deve estar muito ruim… Olha o meu amigo está
até chorando de tristeza desse bife, será que é sola de sapato?!?!
Imediatamente, Agenor sorri e diz que
nunca comeu comida tão apetitosa, e que
agradecia a Deus por ter esse prazer…
Amaro pede então que ele sossegue seu coração, que almoçasse em paz e
depois
conversariam sobre trabalho…

Mais confiante, Agenor enxuga as lágrimas e começa a almoçar, já que sua
fome já estava nas costas…

Após o almoço, Amaro convida Agenor para
uma conversa nos fundos da padaria, onde havia
um pequeno escritório…
Agenor conta então que há mais de 2 anos havia perdido
o emprego e desde então, sem uma especialidade
profissional, sem estudos, ele estava vivendo de pequenos ‘biscates aqui
e acolá’, mas que há 2 meses não recebia nada…
Amaro resolve então contratar Agenor para serviços gerais na padaria, e
penalizado, faz para o homem uma cesta básica com alimentos para pelo
menos 15 dias…

Agenor com lágrimas nos olhos agradece a
confiança daquele homem e marca para o dia
seguinte seu início no trabalho…
Ao chegar em casa com toda aquela ‘fartura’, Agenor é
um novo homem – sentia esperanças, sentia que
sua vida iria tomar novo impulso…
Deus estava lhe abrindo mais do que uma porta,
era toda uma esperança de dias melhores…
No dia seguinte, às 5 da manhã, Agenor estava na porta da padaria
ansioso para iniciar seu novo trabalho…
Amaro chega logo em seguida e sorri para aquele homem que nem ele sabia
porque estava ajudando…
Tinham a mesma idade, 32 anos, e histórias diferentes, mas algo dentro
dele chamava-o para ajudar aquela pessoa…
E, ele não se enganou – durante um ano, Agenor foi o mais dedicado
trabalhador daquele estabelecimento, sempre honesto e extremamente
zeloso com seus deveres…

Um dia, Amaro chama Agenor para uma conversa e
fala da escola que abriu vagas para a alfabetização de adultos um
quarteirão acima da padaria, e que ele fazia questão
que Agenor fosse estudar…
Agenor nunca esqueceu seu primeiro dia de aula: a mão trêmula nas
primeiras letras e a emoção da primeira carta…
Doze anos se passam desde aquele primeiro dia de aula…
Vamos encontrar o Dr. Agenor Baptista de Medeiros , advogado, abrindo
seu escritório para seu cliente,
e depois outro, e depois mais outro…
Ao meio dia ele desce para um café na padaria do amigo Amaro, que fica
impressionado em ver o ‘antigo funcionário’ tão elegante em seu primeiro
terno…

Mais dez anos se passam, e agora o Dr. Agenor Baptista ,
já com uma clientela que mistura os mais necessitados
que não podem pagar, e os mais abastados que o
pagam muito bem, resolve criar uma Instituição que oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas,
pessoas desempregadas e carentes de todos os tipos,
um prato de comida diariamente na hora do almoço…

Mais de 200 refeições são servidas diariamente naquele lugar que é
administrado pelo seu filho, o agora nutricionista Ricardo Baptista..

Tudo mudou, tudo passou, mas a amizade daqueles dois homens, Amaro e
Agenor
impressionava a todos que conheciam um pouco da história de cada um…
Contam que aos 82 anos os dois faleceram no mesmo dia, quase que a mesma
hora, morrendo placidamente
com um sorriso de dever cumprido…
Ricardinho , o filho mandou gravar na frente da ‘Casa do Caminho’, que
seu pai fundou com tanto carinho:
‘Um dia eu tive fome, e você me alimentou. Um dia eu estava sem esperanças e você me deu um caminho. Um dia acordei sozinho, e você me
deu Deus, e isso não tem preço. Que Deus habite em seu coração e
alimente sua alma. E, que te sobre
o pão da misericórdia para estender a quem precisar!!!’

(História verídica)
Se acharem que vale a pena repassem, pois nunca é
tarde para começar e sempre é cedo para parar…

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Brazil
A lua cheia de beleza e luz É fase bela e misteriosa Por que será que a tantos seduz ? Talvez porque tão decantada em prosa. Lua minguante, fase tão modesta Que míngua a dor do que acredita nela. É lua boa e não se manifesta Como uma fase que aparece bela. A lua nova, clara e brilhante, Sempre renova a fé de algum mortal; É lua limpa, não tem semelhante Visível em todo plano sideral. Lua crescente, cresce a esperança, De vida boa, com fartura e paz. Com fé na lua, toda graça alcança, Quem, com trabalho, seu destino faz. Dizem que a lua influencia a vida, Sendo a raiz dessa crença remota. Há quem afirme ser crença vencida, Mas contestá-la se torna idiota...

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